PORQUE VOCÊ PODE (E DEVE) APRENDER ASTROLOGIA
Paula Salotti

1º) A ASTROLOGIA NOS FAZ PENSAR
Para início de conversa, a astrologia faz pensar. Todo o contato com o simbolismo astrológico nos leva a questionamentos que conduzem a uma fabulosa viagem ao nosso interior. Quando contactamos os vários personagens que habitam nosso ser, podemos mais facilmente chegar à nossa essência, compreendendo as motivações mais profundas através de um verdadeiro diálogo com a alma.

2º) O CONHECIMENTO ASTROLÓGICO LIBERTA
A fotografia do céu, que é o nosso mapa, é um registro da nossa alma. Mas não é um registro estático, sem movimento. Na verdade, trata-se de um projeto - e poderemos ou não desenvolvê-lo. Portanto, jamais a astrologia pode ser considerada fatalista. Pense da seguinte forma: o seu mapa é o seu destino, mas o que você faz com ele é o seu livre-arbítrio. Sob esse enfoque, percebemos a importância de nos conhecermos! Quanto mais consciência tivermos dos nossos potenciais, talentos, dificuldades e bloqueios, maiores serão as chances de libertarmos a nossa essência, em outras palavras, de ser o que realmente somos.

3º) EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA
Um símbolo possui infinitas manifestações. Ao entrarmos em contato com nosso potencial, conseguimos ir além e descobrimos diversas formas de trabalhar características muitas vezes consideradas negativas. Com um pequeno movimento de conscientização, buscamos meios criativos de lidar com pontos aparentemente difíceis. Quanto mais compreendemos um símbolo, maiores são as chances de lidarmos com ele, manifestando todo o seu potencial, o que, conseqüentemente, vai trazendo uma crescente expansão da consciência, ampliando nossa caixinha de ferramentas. Quanto mais conhecermos o nosso mapa, mais ferramentas ainda não utilizadas descobriremos em nossa bagagem.

4º) TOLERÂNCIA E RESPEITO
E quando conhecemos nosso mundo, reconhecemos que cada ser possui um universo diferente e, portanto desejos, motivações e reações diferentes (sei que parece óbvio, mas nossas constantes tentativas de adaptar os outros aos nossos pontos de vista mostram que nos esquecemos com freqüência desse item). A astrologia nos traz constantemente a compreensão das atitudes dos outros, nos ajudando a eliminar os mecanismos de projeção, que nos colocam em passivos papéis de vítimas.

5º) SINALIZAÇÃO
Quando usado como um guia de vida ou para a observação do futuro, o mapa astrológico funciona como um sistema de previsão do tempo, já que podemos identificar claramente a qualidade do nosso momento. A previsão em si é secundária ou uma conseqüência do conhecimento dessa qualidade. Quando sabemos que um momento possui uma qualidade ligada a mudanças, imprevistos e situações novas podemos resistir ou abrir nossa vida ao novo, tomando essa iniciativa antes que a natureza tenha que nos despejar para que entendamos a mensagem.
Existem outros milhares de motivos que nos sugerem a importância de aprender Astrologia. Mas o mais importante talvez seja que ao entrarmos em contato com essa fascinante linguagem, sentimos uma grande transformação pessoal. E, como linguagem da alma, o conhecimento astrológico é acessível a todos.


ASTROLOGIA: O RESPEITO FUNDAMENTAL ÀS DIFERENÇAS
Alexey Dodsworth


No ano de 2003, no intervalo de um dos cursos de astrologia que eu ministrava, me deparei com o namorado de uma das alunas do curso regular de astrologia, que me confidenciou, em tom quase desculposo:
- Eu não acredito em nada disso...
Diferentemente do que se pode esperar de um amante da astrologia, eu nunca me incomodo com comentários do tipo, por uma razão simples: o uso do verbo "acreditar", sendo inadequado para o ofício de algo que demanda estudo, e não crença, demonstra que aquele que "não acredita" está a falar de alguma religião, e não do estudo organizado, experimental, que é a astrologia. Se crê ou não se crê em Deus, mas "crer ou não crer" em astrologia se trata de um pensamento equivocado. Eu, por exemplo, nunca "acreditei" na Biologia, porque não venero o Deus dos Citoplasmas e do Ácido Ribonucléico. Mas tirei boas notas no colegial, porque procurei estudá-la, ainda que minimamente.
O tal namorado, pelo menos, não disse que "odiava" a astrologia. O ódio, enquanto substantivo, parece ser um [mau] sentimento que não se justifica jamais. Todavia, nem sempre o ódio é ódio: trata-se, na maioria das vezes, de ignorância. Odeia-se o que não foi compreendido - daí se justifica a raiva que alguns céticos insistentes têm da astrologia. Eles não têm culpa, pois ignoram. E, se estes ignorantes exercem seu desconhecimento, seria preciso tecer um “mea culpa”, por parte dos astrólogos, muitas vezes acusados de se enfiarem numa torre de marfim simbólica, onde se preservam, à parte da humanidade, falando numa linguagem hermética que poucos compreendem.
Mas há também o ódio que não advém da ignorância, e sim do narcisismo das pequenas diferenças. Este ódio, muito mais perigoso, surge quanto nos vemos diante de algo que é diferente de nós. A partir desta fantasia de que tudo deve ser igual, brota o terror, a antipatia, o ódio. A astrologia segue um paradigma científico organicista, e não mecanicista. Ela parte do princípio de que a parte contém o Todo, em que cada indivíduo é um holograma do Universo. Escrever isso pode parecer apenas bonito; só que eu iria além e diria que, mais do que apenas bonito, é assustadoramente real: pensar que eu e algumas criaturas insuportáveis somos partes interligadas de uma coisa só não deixa de ser irônico e aterrador para o ego mais separatista, para aqueles que raciocinam em termos de pior e melhor. Sim, meus caros: estamos ligados, quer queiramos, quer não. E quem não aprender a lidar com as pequenas diferenças, está fadado à extinção psíquica.
Não é de estranhar, portanto, que sendo o paradigma da astrologia um paradigma ecológico [tudo está interligado], que a astrologia em si mesma, em seus conceitos mais básicos, nos ensine a primeira regra fundamental: tudo é diferente de tudo. E, chegando nesta parte, eu devo retornar à minha lembrança do namorado da aluna que não "acreditava" em astrologia. Notaram as reticências na frase dele, logo acima? É porque ele não havia terminado seu texto, que continuava com: - ...Mas eu faço questão que a minha namorada continue a estudar o assunto, pois desde que ela começou a estudar astrologia, tornou-se muito mais tolerante com as diferenças alheias. Ficou mais paciente. Este depoimento me chamou a atenção, porque ele parte de duas premissas:
1. A declaração da descrença de um indivíduo;
2. O reconhecimento de que, a despeito da namorada dedicar-se a algo que ele particularmente não dá crédito, este "algo" a ajudou a tornar-se um ser humano mais tolerante e respeitoso.
Existem pessoas que não amadurecem com a astrologia, ao contrário: utilizam-na como instrumento de justificativa de suas maledicências, de sua pequenez. Falam das quadraturas dos outros, das traves dos mapas alheios, arautos da catástrofe e do mau agouro. Por isso mesmo que, neste sentido, fecho com Jung e não abro: não é o instrumento que capacita o indivíduo ao crescimento, é o indivíduo que, estando pronto para o instrumento, dá um salto. Por isso é importante lembrar que a astrologia não é meta, é caminho, trilha, rota. E nem é a única. Mas - depoimento de quem se dedica ao assunto com vigor - é um caminho muito, muito divertido!
Este pequeno artigo tem poucas pretensões, além de servir de um testemunho sólido de uma pessoa que mal consegue imaginar como seria a própria vida se não tivesse aprendido - via astrologia - a respeitar a singularidade alheia. A você, que começa a aprender astrologia, sempre que se deparar com o lado dificultoso da matéria [cálculos, compreensão técnica do tema], mantenha em mente a certeza de que seus namorados, namoradas, vizinhos e animais domésticos agradecerão imensamente a pessoa mais paciente que você tem o potencial de se tornar.
A recompensa da paciência, segundo Santo Agostinho, é a própria paciência. Desenvolver a virtude, por si só, já é o nosso grande maior presente.